Ordem de São Columbano

Na Igreja Celta do Brasil temos a Ordem de São Columbano , formada por monges e monjas eremitas que unem a espiritualidade hesicasta e dos primeiros eremitas (amor ao silêncio, a oração contínua e a meditação) à espiritualidade celta beneditina (valorização da natureza, vida monástica, celibatária ou familiar).

São Columbano representa muito bem o espírito monástico da nossa igreja. Viveu entre os anos de 543-615, foi um missionário monge celta, nascido na Irlanda e faleceu na Itália no Mosteiro de Bobbio que fundou. Foi um verdadeiro evangelizador criando em vários pontos da Europa Ocidental mosteiros que seguiam sua Regra de Vida. Antes de falecer, São Columbano permitiu que junto com a Regra Monástica criada por ele fosse intercalada com a Regra de São Bento. A Regra de Columbano era muito rígida e exigia dos monges uma vida muito sacrificada de penitências e jejuns, tanto que 30 anos após o falecimento dele, os Mosteiros que ele fundou, passaram a adotar apenas a Regra de São Bento.

Na nossa Ordem temos uma Regra de Vida própria e guardamos a Regra de São Columbano como relíquia histórica e legado do nosso patrono. E assumimos a influência da espiritualidade da Regra de São Bento. Nós assumimos como beneditinos celtas, pois a partir do final do século VII, praticamente, todos os mosteiros celtas adotaram a Regra de São Bento. O fato de ser uma regra dedicada a vida cenobita, não invalida, de forma alguma, que possamos vivenciar a sua espiritualidade, que estar além de um claustro ou muros de um mosteiro.

O que é o Hesicasmo?

O Hesicasmo é uma corrente própria da espiritualidade cristã Ortodoxa, cuja história começa com os monges do deserto do Egito e de Gaza. O nome Hesicasmo provém do grego hesychìa que significa: calma, paz, tranquilidade, ausência de preocupação.

O Hesicasmo pode ser definido como um sistema espiritual de orientação essencialmente contemplativa que busca a perfeição (deificação) do homem na união com Deus através da oração incessante do coração. Num documento do mosteiro de Iviron do Monte Athos, lê-se esta definição: "O hesicasta é aquele que só fala com Deus somente e ora sem cessar."

Os monges hesicastas, por meio da invocação do Nome de Jesus e da atenção do coração buscavam o domínio das paixões e de todo o pensamento mal para permanecerem no suave repouso de Deus à escuta da Sua palavra silenciosa. Disse um deles:

"A nós, pequenos e fracos, não nos resta outra coisa senão refugiar-nos no Nome de Jesus".

Os santos monges estabeleceram a fórmula da oração do Nome de Jesus. Eles uniram a profissão de fé Apostólica: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo" (Mt 16:16; Fil 2:9-11), com a súplica do publicano e dos humildes do Evangelho: "Meu Deus, tem piedade de mim, pecador!" (Lc 18:13. 39; Mt 15:22). Formulando assim, a Invocação Clássica do Nome:

"Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo, tem piedade de mim, pecador!"

Além dessa formula clássica da invocação do Nome, existem várias formas para se orar o nome de Jesus. Muitos monges rezavam e sugeriam a forma mais simples: "JE-SUS", apenas isso. Pois, não há a necessidade de acréscimos: "O Santo Nome é a oração." E essa única palavra sagrada facilita a união da oração com a respiração. Os Santos monges do deserto desejosos da incessante comunhão e intimidade com Deus uniram a invocação do Nome de Jesus com o mandamento de "orar sem cessar" (Lc 21:36; 1Ts 5:17 Ef 6:18; Lc 18:1; Ap 4:8), e para isso, no século II, São Pacômio, discípulo de Santo Antão, inspirado por Deus criou o cordão de oração, um rosário de 100 contas, chamado de Komboskini (grego), chotki pela liturgia bizantina e Mequetaria pelos Coptas.

Esta é, em uma forma exterior, uma oração à segunda pessoa da Trindade... mas as outras duas pessoas também estão presentes, embora não sejam nomeadas. Pois, ao falar de Jesus como 'Filho de Deus' apontamos para o Pai; e o Espírito também é incluído em nossa oração, já que 'ninguém pode dizer Senhor Jesus, exceto o Espírito Santo (1Cor 12:3). A oração de Jesus não está centrada apenas em Cristo, mas na trindade. "


"A recordação constante de Deus por meio da repetição continua do Nome de Jesus unida à respiração e atenção no coração, buscando viver em sua presença e renunciando ao mal, são as bases da oração hesicasta ou a Oração do Coração."

O Hesicasmo viria a se firmar no mosteiro do Sinai, com São João Clímaco. Um expoente máximo é, seguramente, Simeão, o novo Teólogo. Renasceria no Monte Athos no século XIV.

Os grandes mestres da oração hesicasta, que criaram o método e sobretudo a teologia da oração hesicasta, podem ser encontrados entre os séculos XIII e XIV no Monte Athos. Vamos aqui recordar alguns nomes: Gregório, o Sinaíta (+1346), do Mosteiro do Monte Sinai, ele transportou a "oração do coração" para o Monte Athos. Nicéforo, o Hesicasta, de origem calabresa, converteu-se à Ortodoxia e se tornou monge no Monte Athos. Escreveu um pequeno tratado intitulado: "Sobre a Custódia do Coração", que se tornou um clássico da oração hesicasta. Do século XIV temos um tratado anônimo chamado: "Método da Santa Oração", que é às vezes atribuído a São Simeão, o Novo Teólogo, mas não é verdade que seja dele esta obra. Teolepto, Metropolita de Filadélfia (1250-1345), que formou gerações inteiras de hesicastas. Gregório Palamas (1296-1359), que é considerado o maior teólogo e grande defensor do hesicasmo.


Quem são os hesicastas da OSC

O nosso modelo de vida monástica e eremítica está centrado em oratórios e capelas de cada monge em sua casa, na cidade ou no campo. É um estilo de vida eremítica do século XXI, trabalhamos, temos família, usamos nosso hábito em momento de oração e nas celebrações da Divina Eucaristia. Cada casa de nossos irmãos e irmãs é como se fosse a cela de um grande mosteiro. Unidos pela oração, silêncio e caridade, espalhados em todo o Brasil, praticando continuamente a "Oração do Coração" com auxílio de nossos cordões de oração (Komboskini).

Boa parte dos nossos monges são religiosos, que passaram por outras experiências em mosteiros, conventos, congregações e fraternidades, mas não se adequaram aos estilos de vida, muitas vezes não foram respeitados nas suas características de personalidade, orientação sexual e tantos outros fatores, mas não desistiram de buscar uma Ordem que acolhesse o ser humano em sua dignidade e particularidades próprias.

Você não precisa sair da sua casa e abandonar sua família e trabalho para ser monge eremita, um Hesicasta da OSC, você só precisa ouvir o chamado...

Se você tem vocação para a vida religiosa a OSC te espera e valorizará sua caminhada.